O que é necessário para que o aluno aprenda?
(baseado no texto de Celso dos Santos Vasconcelos)
“ O processo de aprendizagem humana é extremamente complexo. É uma construção que vai por aproximações sucessivas, visando a sínteses cada vez mais elevadas”.
De acordo com as contribuições da epistemologia dialética, da psicologia histórico-cultural e da dialética libertadora para que o educando aprenda, é necessário:
· Ter capacidade sensorial e motora, além da capacidade de operar mentalmente;
· Ter conhecimento prévio relativo ao objeto de conhecimento;
· Ter acesso ao objeto de conhecimento (informação nova);
· Querer conhecer o objeto;
· Agir sobre o objeto e expressar-se sobre objeto.
Capacidade sensório-motora e capacidade de operar mentalmente.
- Somos um corpo, que participa de várias formas do processo de aprendizagem;
- Os sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são canais de comunicação com o mundo;
- A capacidade de operar mentalmente relaciona-se como lidar, trabalhar com as representações mentais que o sujeito já tem, bem como transformá-las (re) criá-las;
- Levar em consideração os estágios de desenvolvimento humano (Piaget, 1978; Wallon, 2008; Vygotsky, 1995);
- Deve ficar claro que todo o ser humano tem essas capacidades em algum nível; portanto todo o ser humano pode aprender. Tais capacidades são os elementos infraestruturais do processo de aprendizagem humana (condições fisiológicas, neurológicas e psicológicas.
O conhecimento prévio
- O conhecimento novo é construído no sujeito do seu conhecimento anterior/prévio/antigo (seja para ampliá-lo, seja negá-lo, superando-o). Não se cria a partir do nada; ninguém conhece algo totalmente novo (Piaget, 1978).
- Para chegar a um conhecimento novo, o sujeito precisa recorrer a conhecimentos anteriores a ele relacionados (memória). Precisa ter estrutura de assimilação para aquele objeto.
Acesso à informação
- Para que o conhecimento do sujeito é preciso que ele tenha acesso às novas informações. Os objetos podem ser apresentados diretamente aos alunos ou por meio de alguma mediação.
- A mediação desempenha um papel muito importante no processo de aprendizagem.
Querer
Podemos ter muitas denominações para o querer, embora nem todos com o mesmo significado: motivação, mobilização, interesse, curiosidade, vontade, desejo, necessidade, afetividade, emoção, disposição epistemofílica, intencionalidade.
- a “eleição” do objeto (a rigor, do ente destacado no meio de tantos outros, que assim se torna objeto de conhecimento);
- o rastreamento e o trazer ao nível consciente/pré-consciente as representações mentais que o sujeito já tem e que, alguma forma, estão relacionadas ao objeto de estudo;
- a manutenção do vínculo com o objeto de conhecimento.
Agir
- O objeto oferece resistência à ação do sujeito, obrigando-o a modificar-se para poder explicá-lo (busca de sentido). Não adianta o sujeito estar em contato com o objeto se não atuar sobre ele.
- Tal ação do sujeito pode ser, em termos predominantes, motora, perceptiva ou reflexiva.
- Ação deve ser intencional;
- Para captar as relações de constituição do objeto, o sujeito precisa analisá-lo, “decompô-lo” (física e/ou mentalmente) em suas partes constituintes, sem, no entanto, perder a dimensão do todo.
- A imitação, o mimetismo, pode ser uma estratégia para iniciar a aprendizagem, porém, ao longo do processo, deverá ser superada.